Desastre de Lübeck e a ética na profissão

A lastimosa experiência da vacinação contra a BCG na cidade de Lübeck, na Alemanha, teve início em 1929. O Departamento de Saúde da cidade recebeu uma cultura BCG que havia sido solicitada para um projeto de vacinação preventiva em crianças. Essa cultura foi transferida para um laboratório, onde deveria ser preparada, e foi testada em cobaias antes da aplicação em crianças, se mostrando inofensiva.

A vacinação ocorreu mais tarde, em 1930, e mais de 200 recém-nascidos receberam, por via oral, a vacina nos primeiros dez dias de vida – embora nem todos os pais tenham consentido.

Nas seis semanas seguintes, um grande número de crianças desenvolveu tuberculose. Dentre as vacinadas, mais de 70 morreram. Um inquérito foi instaurado e o BCG foi excluído como a causa do desastre, sendo essa atribuída à negligência médica nos laboratórios de Lübeck, onde as vacinas foram contaminadas acidentalmente por bacilos virulentos.

Esse acontecimento trágico na história da saúde colocou em xeque a credibilidade da vacina, além de repercutir sobre os princípios éticos para a experimentação em humanos, formulados pelo Ministério da Saúde da Prússia alguns anos antes. No documento eram explícitos: integridade moral do experimentador e concordância expressa do sujeito pesquisado, após ter sido informado claramente sobre as possíveis consequências adversas decorrentes da pesquisa.

Esse desastre ficou conhecido como “Desastre de Lübeck” e, por esse ocorrido, o ministro do Interior da Alemanha, em 1931, a estabeleceu as “14 Diretrizes para Novas terapêuticas e a pesquisa em seres humanos”, que determinam de maneira objetiva os padrões técnicos e éticos da pesquisa.

A palavra ética é de origem grega, derivada de ethos, que diz respeito ao costume ou mesmo aos hábitos dos homens. No direito romano a palavra ética refere-se a normas de conduta ou princípios que regem a sociedade ou um determinado grupo e em uma determinada época. E a ética profissional é entendida como os valores e normas comportamentais a serem seguidos por todos dentro da empresa, visando relações saudáveis e respeitosas entre os colaboradores.

Há outro ponto de vista sobre a ética profissional. Uma postura pessoal que define como cada pessoa lida com as relações de trabalho e sua própria profissão, agindo de acordo com seus princípios, que podem ou não enfatizar as características do comportamento ético.

Num contexto geral alguns pontos importantes para o dia a dia da organização e ao ambiente do trabalho que buscam melhor e maior aproveitamento do profissional:

  • Aumentar a produção na empresa;
  • Educação e respeito entre os funcionários;
  • Cooperação e atitudes que visam à ajuda aos colegas de trabalho;
  • Divulgação de conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades realizadas na empresa.

Códigos de ética

Para cada sociedade e cada grupo, eles têm seu próprio código de ética. Por exemplo, em um país pode ser ético sacrificar animais para pesquisa científica. Em outro país, essa atitude pode não respeitar o princípio moral estabelecido de não usar animais para esses fins. Por exemplo, o “Desastre de Lübeck” após o evento, essa atitude tornou-se imoral.

Tipos de código de ética

Cada profissão tem seu próprio código de ética, que pode variar. No entanto, alguns elementos da ética profissional são universais, como honestidade, competência e responsabilidade profissional.

Códigos de Ética Profissionais

Evidenciam os direitos e deveres, as proibições, ou seja, as condutas que são vetadas no exercício da profissão e as sanções e punições (éticas e disciplinares), no caso de desobediência ao código. Cada código de ética especifica o papel da profissão na sociedade e a importância do respeito à dignidade humana no exercício de cada uma. Exemplificando, temos o código de ética dos Médicos, dos Psicólogos, dos enfermeiros, do contador, do assistente social, dentre outros, etc.

Códigos de Ética Empresariais

Evidenciam a missão, a visão, os valores e princípios que norteiam a organização e que devem ser conhecidos e respeitados pelos seus funcionários. É por meio do código de ética institucional que a função da empresa na sociedade e os valores que ela cultiva são percebidos e perpetuados.

Dessa maneira a atuação profissional deve ser lembrada de maneira pessoal, mas ressaltando-se o trabalho em equipe, haja vista que muito dificilmente a coletividade não influencia na relação trabalhista. Nesse sentido, devemos lembrar que a forma de fazer as coisas profissionalmente requer princípios gerais que orientam não apenas uma pessoa, mas um grupo de pessoas que atuam em um campo profissional.

Texto por Mayara Lopes

Fontes

https://books.scielo.org/id/33937/pdf/rego-9788575413906-02.pdf

https://www.gupy.io/blog/etica-profissional

https://www.redalyc.org/journal/3615/361570669011/movil/

https://www.scielo.br/j/pusp/a/d9wcVh7Wm6Xxs3GMWp5ym4y/?lang=pt

Referências 

BLAGOVESHCHENSKIY, I. N. Lubeck disaster. Kazan medical journal, 1930, 26.11: 1077-1080.

DONALD, Peter, et al. Pathogenesis of tuberculosis: the 1930 Lübeck disaster revisited. European Respiratory Review, 2022, 31.164.

FOX, Gregory J.; ORLOVA, Marianna; SCHURR, Erwin. Tuberculosis in newborns: the lessons of the “Lübeck Disaster”(1929–1933). PLoS pathogens, 2016, 12.1: e1005271.

LUCA, Simona; MIHAESCU, Traian. History of BCG vaccine. Maedica, 2013, 8.1: 53-58.MOEGLING, Albert. Die „Epidemiologie “der Lübecker Säuglingstuberkulose. In: Die Säuglingstuberkulose in Lübeck. Springer, Berlin, Heidelberg, 1935. p. 1-24.

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