Dia Mundial das zoonoses. 4 âmbitos de colaboração entre a saúde humana e animal

Os animais podem prover aos seres humanos muitos benefícios, estamos em contato diário com eles seja no ambiente urbano ou rural, durante viagens, durante passeios em zoológicos entre outras situações. Animais nos fornecem comida, fibras, meios de subsistência, viagens, esportes, companheirismo e educação para pessoas em todo o mundo.

Porém animais podem carregar consigo germes nocivos que, ao entrarem em contato com seres humanos, podem causar doenças conhecidas como doenças zoonóticas. 

Doenças zoonóticas são causadas por germes nocivos como vírus, bactérias, parasitas e fungos. Estes germes podem causar diferentes tipos de doenças em pessoas e animais, desde enfermidades leves, graves e até à morte. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, nas últimas décadas, cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das novas doenças que infectam os seres humanos têm origem animal. Leishmaniose, Leptospirose, Teníase, Raiva, Criptococose, Dengue, Zika e Febre Amarela são alguns grandes exemplos de zoonoses.

Como os germes se espalham entre animais e pessoas?

Contato direto: Contato direto com a saliva, sangue, urina, mucosa, fezes ou qualquer fluido de algum animal infectado. 

Contato indireto: Entrar em contato com áreas onde vivem e circulam animais; objetos ou superfícies que tenham sido contaminados com germes. Alguns exemplos são: água do tanque de aquário, habitats de animais de estimação, galinheiros, celeiros, plantas e solo, bem como alimentos para animais de estimação e pratos de água. 

Transmitido por vetor: Ser picado por um carrapato, ou por inseto como mosquito ou pulga.

Transmitido através da comida: Comer ou beber algo inseguro como leite não pasteurizado, comida ou ovos não cozidos; frutas e vegetais puros que estão contaminados com fezes de animal infectado. Comidas contaminadas podem adoecer pessoas e animais incluindo pets.

Transmitido através da água: Beber ou entrar em contato com água que foi contaminada com fezes de um animal infectado.

As recentes emergências de saúde pública como a pandemia de Covid-19, Mpox, os surtos de Ebola entre outras doenças zoonóticas;  os desafios da segurança alimentar e resistência antimicrobiana, além da degradação do ecossistema e da mudança climática são alguns elementos que demonstram a necessidade de sistemas de saúde resilientes e uma ação global conjunta no enfrentamento às doenças zoonóticas.

O One Health se apresenta como a principal abordagem para o enfrentamento destes desafios que englobam os âmbitos da saúde humana, animal e o meio ambiente. 

No âmbito individual, algumas atitudes são fundamentais para a prevenção das doenças zoonóticas como: 

  • Higiene pessoal;
  • Higiene ambiental;
  • Vacinação dos animais;
  • Preparo adequado (cozimento acima de 70°C) dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano;
  • Evitar contato com águas contaminadas durante enchentes.

Mas no âmbito da saúde pública, como está prevenção é possível nas esferas municipais, estaduais e federal? A abordagem One Health demanda uma ação conjunta entre a saúde humana, animal e meio ambiente. 
Assim, no nosso post de hoje, confira 4 âmbitos de colaboração entre a saúde humana e animal envolvendo os órgãos responsáveis por cada área. Prepare seu papel e caneta e venha com a gente!

Âmbito 1)  Mecanismos de coordenação: Esses mecanismos terão como papel desenvolver a coordenação dos passos seguintes: vigilância e compartilhamento de informações; resposta coordenada e redução de riscos. 

Passos necessários nesta etapa:

  • Estabelecer um Comitê de Coordenação Nacional onde serão definidos os grupos de trabalho, suas prioridades e o papel de cada um dentro desses grupos; 
  • Estabelecimento de mecanismo de avaliação e revisão dos planos de ação e protocolos entre as diferentes áreas envolvidas.

Âmbito 2)  Vigilância e compartilhamento de informações: Neste âmbito é fundamental a descrição dos passos que vão levar ao compartilhamento de dados para o alerta e a resposta no tempo certo. O compartilhamento de informações é crítico na identificação antecipada de incidentes e de potenciais problemas de saúde pública e controle de doenças.

Passos necessários nesta etapa:

  • Listar contatos para Vigilância e Compartilhamento de informações entre setores;
  • Identificar eventos e incidentes onde o compartilhamento de informações é exigido;
  • Determinar a responsabilidade de cada setor nesta etapa;
  • Avaliar e revisar o protocolo quando necessário.

Âmbito 3)  Resposta coordenada: Uma resposta coordenada aumenta as chances de prevenção e controle das doenças zoonóticas. 

Passos necessários nesta etapa:

  • Identifique eventos, cenários e localidades onde respostas coordenadas são necessárias; 
  • Identifique atividades a serem coordenadas nesses eventos, cenários e localidades. Algumas atividades são: avaliação de risco, investigações epidemiológicas, medidas de biossegurança, comunicação de surtos, entre outras. 
  • Esclareça o papel e responsabilidade de cada setor nestes eventos, cenários e localidades;
  • Avalie o progresso e revise o protocolo quando necessário.

Âmbito 4)  Redução de riscos: aqui, as ações têm como objetivo estabelecer uma ação coordenada para a redução do risco de transmissão da doença dos animais para os seres humanos. Em setores responsáveis pela saúde animal o foco pode ser na melhoria da saúde do gado, o bem-estar animal e sua produtividade. No setor responsável pela saúde humana busca-se a melhoria da saúde e do bem-estar.

Passos necessários nesta etapa:

  • Identifique áreas de alto risco, populações que estão em risco, bem como práticas e comportamentos de alto risco;
  • Identifique medidas para redução de riscos. São alguns exemplos: detecção antecipada e resposta rápida a emergências e surtos. Transparência na notificação de casos e surtos; aumentar a conscientização pública através de treinamentos e estratégias de comunicação; entre outras medidas. 
  • Determine os papéis e responsabilidades para medidas de redução de riscos;
  • Avalie e revise o Plano de atividades para redução de riscos quando necessário. 

Ações coordenadas entre diferentes setores possibilitam a aplicação da abordagem One Health na saúde pública (que engloba a saúde humana, saúde animal e meio ambiente). A abordagem é fundamental pois a saúde humana, animal e do meio ambiente estão interligadas. Mudanças nestas relações podem aumentar o risco de desenvolvimento e transmissão de doenças. Para além disso, a abordagem One Health possibilita uma otimização da saúde humana, animal e do meio ambiente a partir da integração entre estes campos, em detrimento de sua separação.

Para mais informações, confira o guia “Zoonotic Diseases: A Guide to Establishing Collaboration between Animal and Human Health Sectors at the Country Level”. O documento foi elaborado em conjunto entre o escritório da Organização Mundial de Saúde no sudeste asiático e pacífico ocidental; a agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) e a Organização Mundial para a Saúde Animal (WOAH).

Confira o guia completo no site da OMS, acesse em: https://www.who.int/publications/i/item/9789290613992

Texto por Matheus Ponte

Organização Mundial da Saúde (OMS)

Acesse em: https://www.who.int/publications/i/item/9789290613992

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/zoonoses

https://www.who.int/news/item/27-03-2023-quadripartite-call-to-action-for-one-health-for-a-safer-world

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/one-health

Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC)

Acesse em: https://www.cdc.gov/onehealth/in-action/index.html

https://www.cdc.gov/onehealth/basics/zoonotic-diseases.html

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