John Snow nasceu em York, no Reino Unido. Foi assistente do cirurgião William Hardcastle e do médico George Stephenson. Em 1836 se matriculou na Hunterian School, escola de medicina localizada em Londres. Em 1837, Snow começou a trabalhar no Hospital de Westminster, admitido como membro do Colégio Real de Cirurgiões da Inglaterra.
No ano de 1854, as imediações da Broad Street, em Soho, Reino Unido, foram assoladas por um grave surto de cólera, durante a pandemia já estabelecida por causa da doença. Naquela época, Soho enfrentava problemas com o excesso de lixo e serviços sanitários inadequados – o esgoto de Londres não chegava até lá. Além disso, havia ainda estábulos e matadouros, contribuindo com excrementos de animais e outros fluídos, e fossas que quando transbordavam eram despejadas no rio Tâmisa.
Antes do surto da doença, as principais teorias para explicar a doença eram a do miasma e a dos germes. A teoria do miasma defendia que a doença era causada por partículas do ar, provenientes da decomposição de matérias orgânicas. John Snow, porém, não acreditava que essa era a causa; observando os surtos anteriores e as condições em que os londrinos viviam, defendeu a teoria dos germes.
Em casas de apenas um cômodo, em que as famílias se asseavam e comiam no mesmo cômodo, a doença se espalhava; onde os cômodos para cozinhar eram separados, raramente um membro da família contaminava outro. Assim, John concluiu que o causador da doença estava em algo que era ingerido.
Quando o surto de 1854 chegou, John já tinha experiência médica e já havia observado muito da doença até ali e pode notar que as mortes ocorreram nas proximidades de uma bomba que era utilizada pelos moradores locais para coletar a água usada para beber e lavar; para demonstrar sua observação, utilizou um mapa de pontos para desenhar as áreas de maior incidência que ficavam perto deste local – hoje conhecido como diagrama de Voronoi.
Para demonstrar sua teoria, John se utilizou de uma área em Londres que recebia água de dois fornecedores diferentes: um deles utilizava a água do rio Tâmisa e o outro utilizava água de uma fonte pura. Snow observou que as pessoas que bebiam água originária do rio eram mais propensas a morrer de cólera do que aqueles que bebiam da outra fonte. Como eram vizinhos, a teoria miasmática não tinha aplicação.
Assim, John Snow demonstrou que a ingestão de água contaminada era o fator causador da doença.
Desde da descoberta de John Snow, a em todos os anos, cerca de 1,4 a 4,3 milhões de casos de cólera e de 28 mil a 142 mil mortes no mundo devido à doença. A Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) reitera aos Estados Membros a necessidade de que continuem seus esforços para fortalecer e manter a vigilância do cólera, a fim de detectar precocemente os casos suspeitos, proporcionar o tratamento adequado e prevenir sua disseminação. O tratamento adequado e em tempo oportuno mantém a taxa de letalidade de pacientes hospitalizados em menos de 1%.
Texto por Náthali Abreu
Referências
Sanity Consultoria
BBC
Acesse em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53376925
Organização Pan-Americana de Saúde
Acesse em: https://www.paho.org/pt/documentos/atualizacao-epidemiologica-colera-24-janeiro-2023
Médicos Sem Fronteiras