Mpox: Dúvidas e respostas

Mpox é elevada ao status de emergência de saúde pública de importância internacional

No último dia 14, a OMS,  na figura do diretor-geral o Dr. Tedros Adhanom, determinou o status de emergência em saúde de importância internacional (ESPII) da Mpox com o recente aumento de casos da doença na República Democrática do Congo (RDC) e em um número crescente de países na África. 

A decretação do novo status da Mpox se deu após a identificação de um novo clado da doença, o que fomentou sua rápida propagação no leste da RDC além da notificação da doença em países vizinhos. O alerta de emergência de saúde pública de importância internacional é fundamental na reunião de esforços conjuntos entre comunidades e países a fim de elaborar ações no âmbito global de apoio e combate aos surtos da doença nos países.

Esta é a segunda vez em dois anos que a Mpox é declarada como uma ESPII, sendo a anterior em julho de 2022 através do surto multinacional em países onde o vírus não havia sido identificado anteriormente. 

Histórico

Causada por um Orthopoxvirus, a Mpox foi detectada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo. A doença é considerada endêmica em países da África central e ocidental. O que significa que a mpox tem uma incidência recorrente na região, porém, não há um aumento significativo no número de casos e a população convive com ela.

Quais os sintomas?

A Mpox pode causar diversos sinais e sintomas. Enquanto algumas pessoas podem ter sintomas mais leves, outras podem desenvolver complicações mais sérias, necessitando de um maior cuidado nos serviços de saúde. Sintomas comuns da mpox incluem: erupções cutâneas que podem durar entre 2 a 4 semanas. Pode começar com ou ser seguido de febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, fraqueza e glândulas inchadas (nódulos linfáticos). As erupções cutâneas parecem com bolhas ou feridas, e podem afetar o rosto, a palma das mãos, as solas dos pés, virilhas e a região genital/ anal. Estas lesões podem ser encontradas também na boca, garganta, ânus, reto, vagina ou nos olhos. O número de bolhas pode ser de uma a milhares. Algumas pessoas desenvolvem inflamações dentro do reto (próstata), que podem causar dor severa, bem como a inflamação das genitálias podem causar dificuldade em urinar. 

Na maioria dos casos, os sintomas da mpox se vão por conta própria dentro de algumas semanas com tratamento, como medicação para dor e febre. No entanto, em alguns casos, a doença pode ser severa e levar à complicações e até mesmo à morte. Recém nascidos, crianças, grávidas e pessoas com deficiências imunológicas como HIV avançado podem estar em risco de desenvolvimento de mpox mais grave, podendo levar até à morte. 

Como a Mpox é transmitida? 

De pessoa pra pessoa

Mpox se espalha de pessoa para pessoa principalmente por contato próximo com alguém que tenha a mpox. Contato próximo inclui pele com pele (através do toque ou relação sexual) e boca com boca, ou boca com pele (como o beijo), pode incluir também rosto com rosto com alguém que tenha mpox (como conversar ou respirar próximo de outra pessoa, o que pode gerar partículas respiratórias infecciosas). Durante o surto global que começou em 2022, o vírus se espalha majoritariamente através do contato sexual. 

O vírus também pode ser transmitido durante a gravidez para o feto, durante ou depois do nascimento através do contato com a pele ou de um parente com mpox para uma criança durante contato próximo. 

De pessoa pra animal

Se alguém tiver um contato físico com um animal que carrega o vírus, como algumas espécies de macacos ou roedores terrestres (como o esquilo), podem também desenvolver mpox. Exposição por contato físico com um animal ou carne pode ocorrer através de mordidas ou arranhões, ou durante atividades como caça, corte, captura ou preparação de refeição. O vírus pode também ser transmitido através de carne contaminada que não foi cozida apropriadamente. 

De humanos para animais  

Há algumas informações de que o vírus foi identificado em pets como cachorros, só que não foi confirmado ainda se essas foram infecções reais ou se a detecção do vírus foi relacionada a contaminação de superfície. 

Qual o diagnóstico para a mpox? 

Identificar a mpox pode ser difícil por conta de outras infecções que podem ter sintomas semelhantes. O diagnóstico da mpox é realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético. De praxe, o diagnóstico laboratorial é realizado em todos os pacientes com suspeita da doença. A amostra a ser analisada será coletada, preferencialmente, da secreção das lesões. Quando as lesões já estão secas, o material encaminhado são as crostas das lesões. Quando há a ausência de lesões, o teste pode ser realizados com swabs orofaríngeo, anal ou retal. Após a coleta, as amostras são encaminhadas para laboratórios de referência no Brasil. 

Tem tratamento pra mpox? 

Muitos anos de pesquisa no tratamento da varíola levou ao desenvolvimento de medicamentos que também podem ser úteis para o tratamento da mpox. Por exemplo, um antiviral desenvolvido para tratar a varíola (tecovirimat) foi aprovado em janeiro de 2022 pela Agência Europeia de Medicamentos para o tratamento da mpox sob circunstâncias excepcionais, portanto, não há disponível medicamento aprovado especificamente para mpox. Assim, atualmente, o tratamento dos casos de mpox tem como foco o alívio dos sintomas; a prevenção e tratamento de complicações e evitar sequelas. A maioria dos casos apresenta sinais e sintomas leves e moderados. 

Há vacina contra a Mpox?

Sim, há vacinas recomendadas pela OMS resultado de muitos anos de desenvolvimento de vacinas novas e seguras para a varíola. Algumas dessas vacinas foram aprovadas em diversos países para serem usadas contra a mpox. 

No Brasil, o Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) trabalha há cerca de dois anos no desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Mpox. A iniciativa é uma das prioridades da Rede Virus, comitê de especialistas em virologia criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para o desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos, vacinas e produção de conteúdo sobre vírus emergentes no Brasil. 

No mundo, existem duas vacinas disponíveis contra a Mpox. A primeira é a Jynneos, produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic e composta pelo vírus atenuado. O segundo imunizante, o ACAM 2000, é fabricado pela americana Emergent BioSolutions e, por ser composto pelo vírus ativo, o imunizante possui diversas contraindicações e efeitos colaterais comparado à primeira vacina.

Por conta do imunizante ainda não estar amplamente disponível, a estratégia de vacinação prioriza a proteção das pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da doença. No Brasil, essa determinação foi feita em conjunto com representantes dos conselhos municipais e estaduais, diante da avaliação técnica e científica de especialistas.

Texto por Matheus Ponte

Referências Bibliográficas

Portal do Butantan. Entenda o que é uma pandemia e as diferenças entre surto, epidemia e endemia. Acesse em: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/entenda-o-que-e-uma-pandemia-e-as-diferencas-entre-surto-epidemia-e-endemia

Centro de Informação sobre Medicamentos. Doenças Endêmicas. Acesse em: https://www.ufpb.br/cim/contents/menu/cimforma/doencas-endemicas
World Health Organization. Mpox (mokeypox). Acesse em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/monkeypox

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