A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua a saúde mental como “um estado de bem-estar em que o indivíduo realiza suas capacidades, supere o estresse normal da vida, trabalha de forma produtiva e frutífera e contribui de alguma forma para sua comunidade”. Assim como outros constituintes de saúde, a saúde mental também é reconhecida como elemento integrante da saúde geral e como um direito básico e fundamental. A melhoria da saúde mental e do bem-estar também é reconhecida como “um componente essencial da cobertura de saúde universal”
Para além das consequências na área da saúde, a saúde mental também constitui um problema de ordem econômica e social. Uma saúde mental precária é tanto causa quanto consequência da pobreza, da educação comprometida, da desigualdade de gênero, de problemas de saúde e de outros desafios globais. A saúde mental está diretamente ligada à mortalidade prematura por câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e HIV/aids, assim como no aumento da probabilidade ou risco de suicídio.
Só a depressão e a ansiedade custam à economia global cerca de US$1 trilhão de dólares a cada ano. Projeta-se que, até 2030, a saúde mental será responsável por perdas de US$6 trilhões de dólares por ano – mais da metade da carga econômica global atribuível a doenças não transmissíveis.
Com o advento da pandemia de COVID-19 criou-se uma pressão adicional sobre os sistemas de saúde mental que, ocupados com a resposta à pandemia, não responderam de forma satisfatória às demandas, ameaçando os avanços na saúde mental.
É importante que os países concentrem seus esforços na priorização da política de saúde mental, seja com maior investimento, planejamento e atuação. Nós, como indivíduos, também podemos fazer nossa parte em cultivar hábitos e atitudes que fortaleçam nossa saúde mental, e é sobre isso que iremos falar hoje!
A revista Nature, em recente estudo, elencou que uma variedade de elementos do estilo de vida de uma pessoa têm efeitos na saúde mental, a partir do estudo de mecanismos neurobiológicos. O estudo concluiu que um estilo de vida mais saudável diminui o risco de depressão entre uma população com risco genético variado.
Mas quais são esses hábitos que contribuem para uma melhor saúde mental? Segundo o estudo são os seguintes:
- O poder do sono
No topo da lista está uma boa noite de sono. Dormir de 7 a 9 horas por noite em média, reduziu o risco de depressão em cerca de 22% segundo o estudo.
“Muitos de nós pensa que o sono é uma espécie de processo passivo, mas é um processo incrivelmente ativo” diz a autora do estudo Barbara Sahakian
O sono auxilia a consolidar memórias, nos ajudando a relembrar o que aprendemos ao longo do dia, porém, o estudo mostra que o sono desempenha um papel importante em manter nosso sistema imunológico forte. Uma pessoa bem descansada é melhor no combate ao resfriado comum.
- Exercício físico é um elixir
Há forte evidência na ligação entre atividade física e melhoria do humor. Um estudo anterior baseado em dados de pesquisas do Centro de Controle de Doenças dos EUA identificou que pessoas que se exercitam regularmente reportaram menos dias de saúde mental ruim.
Em uma recente meta-análise identificou que atividade física foi mais efetiva que medicamentos na redução de sintomas da depressão. Remédios anti depressivos tendem a serem mais rápidos em tratar um episódio de depressão, mas exercício físico tem efeitos mais duradouros que um anti depressivo, segundo o professor de Stanford Douglas Noordsy.
- Boa alimentação é uma necessidade
Pesquisadores identificaram que pessoas que mantiveram um padrão saudável de alimentação foram menos prováveis de terem um episódio de depressão.
Diversos estudos mostram que uma alimentação verde como vegetais, frutas vermelhas, grãos integrais, proteínas magras, incluindo feijão e gorduras saudáveis, incluindo nozes, pode ajudar a reduzir o risco de doenças.
- e 5 Limite o consumo de álcool e não fume
Uma cervejinha no fim de um dia de trabalho cansativo pode ajudar algumas pessoas a se sentirem relaxadas. A Organização Mundial Mundial da Saúde (OMS) considera um consumo máximo de 21 unidades de álcool por semana para homens e de 14 unidades de álcool para mulheres.
O consumo de bebidas alcoólicas merece a atenção quando tratamos de saúde mental pois o álcool é um depressor do sistema nervoso central que retarda a atividade cerebral. Quanto mais você bebe, mais você persegue a euforia temporária, o que pode aumentar o risco de dependência.
A mesma coisa acontece com o fumo, há diversas evidências de que fumar não é um hábito saudável.
6. Limite o sedentarismo cortando o tempo de dispositivos eletrônicos
A tecnologia está presente de todas as formas em nosso dia a dia, seja no celular, no trabalho, nas redes sociais, fato que tem levado as pessoas a ficarem mais tempo em frente de telas. Há grandes evidências de que isso pode afetar nossa saúde física e mental. “Sedentarismo é muito ruim” , diz a autora do estudo Barbara Sahakian.
Os seres humanos foram feitos para se movimentar e, embora assistir aquela sua série favorita possa ser divertido no momento, esse comportamento pode se tornar um hábito diário, influenciando no tempo que você passa no sofá, em detrimento de outras atitudes como interagir com outras pessoas, ou mesmo se movimentar.
Reserve um momento do seu dia a dia para ficar longe das telas e focar em outras coisas, como praticar esportes, ir a um parque, encontrar os amigos ou outra atividade.
7. Cultive amizades, conexões sociais e hobbies
Passar o tempo com pessoas que gostamos, especialmente aquelas que se engajam em atividades que gostamos ajuda a otimizar nosso humor. Outro estudo publicado na revista Nature Medicine, baseado em pesquisas de pessoas em 16 países concluiu que pessoas com 65 anos ou mais que tem hobbies relatam maior satisfação com a vida e menos depressão.
Procure um hobbie que você se sinta à vontade para realizar, sem pressão do trabalho, algo que tenha significado para você e que te faça mais feliz, e como tudo que é bom merece ser compartilhado, procure pessoas com o mesmo gosto que o seu! Troque experiências, perspectivas e até mesmo fofocas!
Referências:
NPR.These habits can cut the risk of depression in half, a new study finds. Acesse em: https://www.npr.org/sections/health-shots/2023/09/19/1200223456/depression-anxiety-prevention-mental-health-healthy-habits
NATURE MENTAL HEALTH. The Brain structure, immunometabolic and genetic mechanisms underlying the association between lifestyle and depression
Acesse em: https://www.nature.com/articles/s44220-023-00120-1
Organização Pan-Americana de Saúde. Política para melhorar a saúde mental. Acesse em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/57235/OPASNMHMH230002_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y