Neste 12 de junho, se comemora o Dia dos Namorados aqui no Brasil. E em referência à data, hoje vamos falar um pouco sobre o casal Deane, que, com sua dedicação, transformou a saúde pública brasileira através de suas pesquisas e no incentivo à formação de novos pesquisadores.
Maria Deane nasceu no Pará em 24 de julho de 1916, filha de pai austríaco e mãe francesa. A pesquisadora graduou-se pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará em 1937, foi durante sua graduação que ela conheceu seu companheiro de vida e de pesquisa Leonidas Deane.
Filho de Leonard Eustace Deane e Helvécia de Mello Deane, o pesquisador nasceu em 18 de março de 1914 em Belém do Pará. Formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará em 1935. No ano seguinte, Leonidas ingressou como professor de microbiologia na instituição em que se formou.
A trajetória do casal Deane se inicia de forma peculiar. Leonidas, ao ver que Maria tinha tirado uma nota similar a dele na faculdade, procurou saber quem era ela. A partir daí os dois passaram a ser parceiros de trabalho, atuando juntos na criação do Instituto de Patologia Experimental do Norte (atual Instituto Evandro Chagas), no Serviço de Malária do Nordeste e entre tantos outros projetos e instituições em prol da saúde pública.
Maria Deane tornou-se referência internacional na área de Parasitologia, publicando mais de cem artigos científicos e seu trabalho sendo reconhecido como essencial para a saúde pública brasileira, principalmente na erradicação das epidemias.
A partir da década de 60, Leonidas Deane teve atuação destacada em diversas instituições internacionais médicas e de pesquisa, entre as quais a Academia Nacional de Ciências e o Conselho Nacional de Pesquisas, ambos nos EUA. Além disso, o pesquisador também passou pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Maria e Leonidas tiveram uma filha chamada Luíza. Em 1980 foram para o Rio de Janeiro para trabalharem no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz), onde, Maria exerceu a chefia do Departamento de Protozoologia, depois sendo nomeada vice-diretora do Instituto, enquanto Leonidas assumiu o Departamento de Entomologia.
A paixão do casal pela ciência não se restringiu aos laboratórios e às pesquisas. Em um relato emocionante, Marcos Lima, que trabalhou como motorista do casal entre 1982 e 1994, discorre como o casal não só se ocupavam de suas pesquisas, mas também faziam questão de incentivar a formação de novos pesquisadores na área. Marcos é atualmente técnico do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do Instituto Oswaldo Cruz, e o profissional conta que o apoio do casal foi essencial para sua escolha profissional:
“Enquanto trabalhei como motorista para eles, eu costumava levá-los para a Fiocruz e ficava impressionado com os laboratórios porque nunca tinha tido contato com o mundo cientifico. Com o tempo comecei a ler mais sobre o assunto e eles me incentivaram a voltar a estudar”, contou. “Os dois foram os avós que eu não tive e uma grande influência para a minha vida. O que eu sou hoje agradeço muito a eles, que sempre me apoiaram, e a nossa convivência foi fundamental para isso”, concluiu Marcos.
Leonidas Deane faleceu em 30 de janeiro de 1993 e Maria Deane morreu em 13 de agosto de 1995. A atuação de ambos foi primordial para o desenvolvimento de diversos estudos e melhor compreensão das doenças, principalmente a malária e leishmaniose visceral, rendendo-lhes diversas homenagens em agradecimento à sua contribuição para a saúde pública nacional.
Em homenagem ao casal, a Fiocruz intitulou seu centro de pesquisas na Amazônia de Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD (Fiocruz Amazônia).
Texto por Matheus Ponte
Referências
Instituto Oswaldo Cruz
Acesse em: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=248&sid=77
e http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2052&sid=32
CNPQ
Acesse em: http://memoria.cnpq.br/web/guest/pioneiras-view/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/902891