Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 830 mulheres morrem todos os dias por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo. Quase todas essas mortes ocorreram em ambientes com poucos recursos; a maioria delas poderia ter sido evitada.
Devido a pandemia da COVID-19 houve um agravamento dessa realidade, segundo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), agência da ONU para assuntos relacionados à saúde sexual e reprodutiva. A razão de mortalidade materna no Brasil, que registra as mortes relacionadas a complicações no parto, gravidez e puerpério em relação aos nascidos vivos, aumentou 94% durante a pandemia da Covid-19, retrocedendo a níveis de duas décadas atrás.
No Brasil, as maiores razões de mortalidade materna são encontradas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. As mortes maternas por causas obstétricas diretas vêm respondem por dois terços desses óbitos, denotando a baixa qualidade da atenção obstétrica e ao planejamento familiar prestado (BRASIL, 2009).
A análise por grupos de causas que levaram aos óbitos maternos, identifica que a hipertensão, a hemorragia, as infecções puerperais, as doenças do aparelho circulatório complicadas pela gravidez, parto e puerpério e o aborto são as cinco principais causas de morte materna (BRASIL, 2009).
No Brasil com a criação o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal reconheceu a vigilância do óbito materno, por intermédio da organização da investigação dos óbitos de mulheres em idade fértil e da criação dos Comitês de Mortalidade Materna, como uma estratégia fundamental para o alcance dos seus objetivos (BRASIL, 2009).
Como metas estabelecidas dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tem como meta até 2030 reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos. E esta meta para o Brasil é reduzir a razão de mortalidade materna para no máximo 30 mortes por 100.000 nascidos vivos.
No dia 08 de março de 2023 a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), juntamente com outras agências e parceiros das Nações Unidas, lançou uma campanha para incentivar os países da América Latina e do Caribe a reduzir a mortalidade materna, que aumentou em 15% entre 2016 e 2020.
A campanha “Zero Mortes Maternas. Prevenir o evitável” busca acelerar o progresso em direção à meta regional de menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos delineada na Agenda de Saúde Sustentável para as Américas da OPAS. No ano passado, a taxa de mortalidade materna (ou seja, o número de mortes maternas por 100 mil nascidos vivos) na América Latina e no Caribe foi de 68 por 100 mil nascidos vivos.
A pandemia da COVID-19 causou um retrocesso de 20 anos na saúde materna na região, com aumento de 15% na mortalidade materna entre 2016 e 2020, após uma redução de 16,4% entre 1990 e 2015.
O Grupo de Trabalho para a Redução da Mortalidade Materna é um mecanismo interinstitucional formado por agências das Nações Unidas, organizações de cooperação bilateral e multilateral, organizações não governamentais e redes profissionais da região. Desde sua criação em 1998, tem promovido a colaboração e a sinergia entre diferentes atores regionais para implementar políticas e programas para reduzir a morbimortalidade materna na América Latina e no Caribe.
Texto por Pedro Presta Dias, dentista sanitarista, epidemiologista e sócio da ProEpi.
Referências
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
Ministério da Saúde
Acesse em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_epidem_obito_materno.pdf
Observatório Obstétrico
Acesse em: https://observatorioobstetrico.shinyapps.io/covid_gesta_puerp_br/
Nações Unidas no Brasil
Acesse em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA)